terça-feira, 8 de maio de 2007

a caixa

Por vezes sinto-me fechada numa caixa. Sinto que o meu percurso de vida foi sendo condicionado sucessivamente por falta de tempo, por responsabilidades exteriores, pelas solicitações do meio em que me enquadro, pessoal e profissionalmente. Há, no dia-a-dia, pouco tempo para sonhar, para reflectir, para redireccionar passos, sentimentos, objectivos. Por vezes só se concretizam metas alheias, desprovidas de significado pessoal e que em nada contribuem para a nossa felicidade ou crescimento enquanto pessoa. E fica-se de tal modo enredado na teia do mundo que partilhamos, que se torna quase impossível encontrar de novo o caminho certo para nós, para a pessoa que somos e que queremos ser, e ir ao encontro dos sonhos de sempre, das formas de estar e dos santuários interiores que nos protegem de nós mesmos e dos outros. E a incapacidade de reagir torna-se também prevalente neste estado (de alma e não só), fechados que ficamos na consciência das dificuldades da nossa vida e quão complicado será ultrapassá-las. Perdemos força anímica, deixamos de gostar das coisas que sempre nos tornaram especiais e perdemos o sentido da singularidade de cada pessoa e de cada alma. Às vezes sinto, quando a minha mente se torna suficientemente lúcida, que vivo na esperança que me salvem, que me tirem desta caixa onde me fechei, sozinha, mas da qual sozinha não conseguirei sair..

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